Henry Ford dizia que um negócio que não produz nada mais do que dinheiro é um negócio pobre. É difícil acreditar que o pai de um dos símbolos do capitalismo realmente se importasse com algo que não fosse lucro, e mais difícil ainda que a maioria dos empresários e executivos não compartilhem da visão quase 100 anos depois.
Lucro é a mais antiga medida de avaliação de resultados desde que o homem teve a ideia de negociar algo. Ele é exato, relativamente fácil de calcular e dá pouca margem para contestações. É uma mera questão de terminar com mais dinheiro do que quando se começou — como no pôquer. O lucro é o objetivo universal dos negócios; nenhum CEO precisa dizer aos colaboradores que a empresa precisa lucrar, porque todo mundo sabe que, sem isso, não há jogo. Até organizações sem fins lucrativos precisam operar no azul para impactarem cada vez mais pessoas.

Resultado é mais subjetivo. Resultados costumam estar atrelados aos objetivos de cada um. Assim como não existe um ponto de chegada sem um ponto de partida, é impossível chegar a bons resultados sem saber por onde começar. Você já parou para pensar o que é resultado para você? (Cuidado para não deixarem os outros responder por você.)

Há menos de 1 mês, o Sebrae lançou um vídeo com essa pergunta e achei fascinante o modo como fizeram. Em nenhum momento eles mencionaram lucro, vendas ou qualquer outro jargão clichê dos negócios. Simples e direto, o vídeo me fez pensar que muitas empresas falham em separar lucro de resultado e os acabam interpretando como sinônimos. Resultados promovem crescimento e eu garanto que há uma porção de coisas no seu negócio ou na sua vida que gera crescimento, além do dinheiro. Para uma pizzaria, resultado é o tocar do telefone; para uma livraria, o tilintar de um sino quando a porta se abre; para uma loja de roupa, a cliente nova que retorna.

Se alguém desconhecesse as palavras “resultado” e “sucesso”, tenho certeza que você não teria dificuldade para explicar seus significados a alguém. Provavelmente, você diria que resultado é a consequência de algo, como o nome já diz, que resulta; é o efeito gerado por alguma ação anterior. O Joãozinho estudou, por isso conseguiu bom resultado final e passou de ano. A equipe comercial da empresa bateu as metas, o que permitiu a empresa fechar o ano com crescimento de 23%. Trabalhe e você colherá os frutos, isso é resultado.

Mas se você procurar o significado de sucesso, é a mesma coisa. É o que sucede algo, um bom resultado. No entanto, costumamos chamar de sucesso algo grandioso, um resultado espetacular. Sucesso é a empresa ganhar algum prêmio; conquistar o emprego em uma multinacional, ser aceito em uma universidade na Europa. Se for qualquer coisa menos do que isso, é apenas um bom resultado. A mensagem do Sebrae provoca ao dizer que quem define o que é resultado para você, é você!Então vamos lá, defina certo.

Você não precisa frequentar nenhuma escola de negócios para saber que lucro, metas e crescimento importam. Isso é óbvio. O que fará a diferença na sua vida é o que está além disso, aonde mais você quer chegar e que diferença quer fazer? Quando você define o lucro como principal resultado, não há mágica, não há paixão, e o negócio não tem consistência. Abílio Diniz deixa isso claro quando diz: “Tenha o lucro em primeiro lugar, mas tenha alguma coisa a mais que o lucro, que dê orgulho.”

O compromisso com a natureza da Natura, a dedicação com o bem-estar de todos (clientes, funcionários e fornecedores) da Starbucks, o compromisso com a satisfação do cliente da Amazon, a obsessão por inovação do Google e por aí vai. Todas essas empresas lucram muito, mas todas elas fazem algo além da “tríade cliente-meta-lucro”. Por favor, não caia na besteira de achar que elas só fazem isso porque são gigantes. De fato, é o contrário. Elas se tornaram grandes por reconhecer que o valor de uma empresa não está somente no balanço anual ou na taxa de retorno aos acionistas. Há algo mais em jogo.

Nunca se abriu nem se fechou tantas empresas como nos dias de hoje. Nem se viu tanto desrespeito e descaso com o consumidor. Uma visão míope e distorcida (ou mal interpretada) dos conceitos de administração transmitidos em escolas de negócios pelo mundo; elas focam demais nos processos e esquecem das pessoas e da sua alta capacidade de gerar valor para o negócio. É verdade que um bom negócio mal administrado dura pouco, mas há muitos profissionais competentes no mercado capazes de lidar com números, sistemas e processos diversos. Com visão e sensibilidade é outra história.

Todo mundo quer ser competente, entregar bons resultados, ter uma carreira de sucesso ou ver sua empresa faturando o primeiro milhão. Chegar às melhores decisões é um jogo de perguntas e respostas de infinitas possibilidades. Fazer a pergunta certa é um grande passo para a resposta mais adequada. E qual a pergunta certa? A resposta é outra pergunta: o que é resultado para você?

 

Fonte: pequenoguru.com.br