Foi-se o tempo em que o caminho da economia brasileira dependia do resultado na seleção na Copa do Mundo. Tanto que, embora o campeonato seja realizado este ano em terra tupiniquim, dificilmente uma vitória ou derrota do time terá algum impacto na economia em geral e no mercado de trabalho, especificamente. A melhora econômica dos últimos anos colocou o Brasil na confortável situação de quase pleno emprego. O cenário pós-Copa do Mundo, no entanto, divide opiniões.

Para o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos, regional Rio de Janeiro (ABRH-RJ), Paulo Sardinha, apesar da tristeza que deve atingir o País caso a Seleção não vença a Copa, isso não deve ter efeito sobre a geração de empregos. “O País vem apresentando uma excelente taxa de geração de empregos já faz alguns anos, mesmo em momentos nem sempre positivos do futebol brasileiro. Provavelmente os empregos mais ameaçados em caso de decepção na Copa são os da comissão técnica”, brinca o executivo (foto abaixo).

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3,6 milhões de turistas

Segmentos como transporte, turismo, hotelaria, educação em idiomas, gastronomia, gestão de serviços, comércio, engenharia e gestão de qualidade foram os mais procurados por serem os alicerces dos grandes eventos. Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), aponta que a Copa do Mundo deve gerar 47,9 mil vagas de trabalho apenas no setor de turismo nos 12 Estados que receberão jogos da competição. Segundo o economista da CNC Fabio Bentes, a estimativa tem como base o fluxo de 3,6 milhões de turistas que deverão circular pelo País durante o Mundial.

Ele ressalta que o número é 60% superior à geração de postos de trabalho nos 12 Estados no mesmo período do ano passado. Amazonas, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Curitiba geraram juntos 29,5 mil postos de trabalho em 2013. Ele ressalva, entretanto, que grande parte dessas vagas deverá ser temporária, ele reconhece.

Ainda assim, o presidente da ABRH-Rio diz que não haverá prejuízo aos setores que se beneficiarão com a Copa do Mundo. “O que vai ocorrer é uma diminuição da ofertas de vagas para esse setor e a dispensa programada de pessoas que foram contratadas com perspectiva temporária ou que não atenderam as expectativas das organizações. Do mesmo modo, também poderá ocorrer a manutenção dos funcionários que supriram as expectativas da contratação e obtiveram destaque”, explica Sardinha.

“Enxugamento das contratações”

Menos otimista está Vanessa Silva Scheer, consultora especializada em gestão de recursos humanos e diretora executiva do Grupo Smax. Para ela, pouquíssima gente deve ser absorvida depois da Copa porque o setor de turismo não está indo tão bem neste ano. “É natural que depois da Copa haja um enxugamento dessas contratações porque a maioria é de trabalho temporário mesmo”, afirma.

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Ela reconhece, entretanto, que as cidades que receberão jogos da Copa do Mundo têm a oportunidade de mostrar suas atrações e assim, receber mais turistas futuramente. Dessa forma, os empregos poderão ser mantidos. “O Brasil pode se tornar realmente um novo destino de férias para os estrangeiros, tudo depende de como serão recepcionados”, diz. “Isso também vale para as empresas dos setores de serviços, como bares e restaurantes.”

“Com a proximidade do evento esportivo essas capitais terão um aumento considerável de demanda e, se mantiverem como objetivo atender bem o cliente, essa vantagem competitiva talvez continue após a Copa. Bom para a empresa, melhor para o funcionário que estiver qualificado, que também poderá colher frutos”, analisa Vanessa.

“Natal antecipado”

Os entrevistados concordam que o evento esportivo funciona como uma espécie de Natal antecipado, já que as contratações de temporários é uma forma das empresas aumentarem o efetivo para conseguir suprir a demanda. “O emprego temporário é uma ótima oportunidade de inclusão no mercado de trabalho. Para as empresas, por exemplo, é um teste de experiência e para os profissionais, chance de efetivação. E, se não for imediatamente, os profissionais que se destacarem na função para qual foram contratados durante a Copa do Mundo, têm grandes chances de serem lembrados pelo contratante em vagas posteriores”, afirma o presidente da ABRH-Rio.

 

Fonte: vagas.com.br